Escreveu diversos livros sobre cultura do mundo virtual e as novas tecnologias. Pierre Lévy é um dos principais pensadores da cibercultura. Escreveu diversos textos sobre a nova forma de escrita, o hipertexto. Sua principal obra nesse campo é o livro "Ideografia Dinâmica", onde Levy afirma inclusive que "estamos reinventando a escrita". É um dos mais proeminentes pensadores da atualidade sobre a temática das novas mídias digitais, e entusiasta acerca das possibilidades cognitivas e antropológicas da internet. Lévy foi quem propôs o conceito de “inteligência coletiva” no começo dos anos 90, quando a internet comercial ainda engatinhava.
Lévy mostra as diversas virtualizações que fizeram o "humano": a linguagem ("virtualização do presente"), a técnica ("virtualização da ação"), o contrato ("virtualização da violência"). O livro aborda mais profundamente outras virtualizações, tais como a virtualização do corpo, do texto e da economia. Dedica mais de um capítulo a virtualização da inteligência - tanto a inteligência coletiva quanto a pessoal e de como a virtualização predispõe a maneira de pensar do indivíduo e dos grupos .
A tese de Lévy sustenta que o possível se caracteriza por ser um conjunto de possibilidades pré-determinadas, a que falta existência. O processo de realização remete o conceito de possível, que se situa no âmbito do latente, para a noção de real, que se define como algo concreto (a concretização) no pólo do manifesto. Segundo o autor, o virtual é mediado ou potenciado pelas tecnologias, sendo produto de exteriorização de construções mentais em espaços de interação cibernéticos. Neste sentido, o virtual não remete para operações puramente lógicas. É interpretado por Lévy como uma maneira de ser diferente do possível e do real, é o que existe em potência e não em simples atos.
Para Levy, a atualização, que se assume como o movimento inverso à virtualização, parte de um problema. O virtual, para uma solução. Esta transformação é a invenção de uma solução exigida por um complexo programático. Dessa maneira, para Levy o atual objetiva o virtual, situando-se no pólo do manifesto. O virtual, enquanto algo que existe em potência, anuncia transformações e o seu movimento e insere-se no domínio do latente.
As dialéticas postuladas por Lévy remetem para quatro passagens/transformações: realização, potenciação, atualização e virtualização. Cada um destes processos centra-se na idéia de ciclo: o possível (o pré-definido) concretiza-se no real (realização), esta operação dá origem a uma conseqüente potenciação (novo conjunto de possibilidades); o virtual (o problema) passa a atual quando é solucionado (atualização), potenciando em seguida uma nova virtualização; passa de uma dada solução a um (outro) problema.
Finalisando, Levy nos indica a idéia de virtual enquanto potência pode remeter para a noção de ilusão, mas o autor sublinha que este elemento não se situa no domínio “dos sonhos”: A virtualização é um dos principais vetores de criação da realidade. Neste sentido, o virtual existe e produz efeitos. Logo, o movimento de virtualização implica irreversibilidade nos seus efeitos, indeterminação no seu processo e invenção/criação do seu espaço. Será, então, a virtualização um fenômeno da contemporaneidade? Lévy considera que, pelo contrário, antes das tecnologias eletrônicas (dos dispositivos tecnológicos), já existiam vetores de virtualização, como a imaginação, a memória, o conhecimento e a religião.
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